segunda-feira, 21 de junho de 2010

A cor do talento é verde

Um estudo afirma que “profissionais sustentáveis” serão um diferencial competitivo no futuro

Por Edição Edson Porto com Álvaro Oppermann

Na década de 90, muitas empresas estavam atrás de profissionais que tivessem intimidade com tecnologia. Era uma busca que ia muito além das paredes do departamento de TI e seguia uma lógica clara. Com o crescimento da internet comercial, empresas que tivessem o maior número de funcionários afeitos ao novo universo teriam mais chances de aproveitá-lo. Em 2010, segundo a consultoria Accenture, quem está fazendo a diferença é o “profissional verde”. A Accenture avalia que a sustentabilidade é a nova fronteira da competitividade entre empresas. De novo, a ideia vai muito além de uma eventual diretoria para a área.

O Walmart é um exemplo usado pelos consultores James Arnott e Peter Lacy para reforçar seu argumento. Funcionários preocupados com o meio ambiente sugeriram que a empresa poderia tirar as lâmpadas das suas máquinas automáticas de vendas porque as lojas da rede são muito bem iluminadas. As lâmpadas foram apagadas, gerando economia de US$ 1,2 milhão por ano. Em outro exemplo, um caixa sugeriu um processo de reciclagem de plástico que resultou em economia de US$ 28 milhões anuais. O ponto de Arnott e Lacy é que a iniciativa partiu dos funcionários, sem pressão da companhia. Eles, os “funcionários verdes” , fizeram a diferença.

Uma distinção entre o movimento em busca do profissional conectado da década passada e do “talento verde” é que esse último exigirá mais esforço das companhias. A maioria das pessoas aprendeu a lidar com a internet de forma voluntária. Apesar do aumento da preocupação global com questões ligadas à sustentabilidade, a formação de uma massa de pessoas efetivamente interessada no assunto será menos espontânea. As empresas precisarão de estratégias tanto para encontrar esse profissional como para formá-lo e retê-lo. Os especialistas da Accenture apontam para algumas ideias básicas a serem aplicadas por aquelas que queiram ficar na frente nessa corrida. A consultoria destaca três ações:

• Definir o que é o “verde”_Quem sabe onde quer chegar, sabe como formar o profissional verde. Na Diageo, fabricante de bebidas, o talento foi definido em alinhamento com a estratégia mais ampla da empresa. Ali, o uso racional de água é vital. Logo, a gestão da água foi o desafio para a promoção de talentos na fabricante de bebidas.

• Fisgar o talento_No Google, foi criada a “rede da bicicleta”, ou seja, transporte em duas rodas para a locomoção interna no Googleplex. É uma medida simpática, mas também estratégica. Ela cria uma atmosfera amigável à sustentabilidade, em consonância com o lema da empresa. É o tipo de atitude que atrai o talento verde.

• Colocar o talento no lugar certo, na hora certa_Não deixe seu talento fenecer isolado dentro da empresa. Faça-o florescer. Como? Mediante um casamento entre as aspirações do profissional e as necessidades da empresa. Um exemplo vem do diretor do Laboratório de Ecossistema de TI Sustentável da HP, Chandrakant Patel. Especialista em sustentabilidade, com diversos artigos universitários publicados, Patel trabalhava no setor de microprocessadores. Vendo nele um talento desperdiçado, a HP Labs transferiu-o para a chefia do redesign integral de TI na empresa. Um TI marcado pela sustentabilidade. Desafio e tanto. Mas o talento verde pede desafios. Por uma boa causa.

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